Eu lembro de quando eu era a favor da pena de morte em casos de estupro e assassinato, porque não via uma solução pra essas pessoas. Eu ainda não vejo essa solução, mas em algum momento do meu crescimento enquanto formava o meu caráter eu li "não defenda o que não pode fazer com as próprias mãos". Eu larguei minha opinião na hora, virou nada acoplada da minha covardia. Eu me imaginei em uma sala com uma arma com um cara que estuprara e matara uma criança. "Pode matar". Imaginei olhar nos olhos dele e soube que ali eu desistiria. Não importa o que eu visse ali. Medo? Medo de perder a vida em um momento de tamanha vulnerabilidade. Indiferença? Aceitação de um futuro previsto. Eu não seria capaz de puxar o gatilho e se pudesse pediria "não atire". É claro que não é assim que funciona, mas conto a minha fantasia de provação. Antes, quando eu era a favor disso, a única coisa que me fazia hesitar era pensar nas pessoas inocentes que poderiam morrer em um sistema falho - como se isso não fosse motivo suficiente. A percepção de que não tenho humanidade, vivência e sabedoria pra julgar o valor da vida de outro ser humano me fez baixar a guarda. "Mas ele é um monstro, não é humano", bom, não tenho essa certeza, aos meus olhos é humano, sem humanidade mas ainda humano.
Nessa transição de formação de caráter eu fui muito tempo totalmente contra qualquer tipo de violência. Contra. Eu nem pensava! Era "paz e amor", "não serei como eles". Isso mudou... Criei um código de sobrevivência que diz:
1 - cuidado com os espertos, seja qual for sua aparente intenção, desde os falsos desconstruídos, aos maus caratér abertamente e os capazes de tudo para estarem certos e suprirem sua "felicidade".
Recentemente há um homem que conseguiu os holofotes das notícias por sua incrível habilidade de falar boçalidades que irritam pessoas como eu. Seu nome é Jair Bolsonaro. Ele é um exemplo de esperteza da qual devemos ter cuidado. Uma pessoa que quer chamar atenção e agradar aos ouvidos de um determinado público - que não vou rotular - e manipular outros. Ele não é burro, ignorante, mas pode abusar dessa característica dos outros. Vejo pessoas que eu considero boas caindo nos discursos dele por ingenuidade. Não sou injusta, eu acompanho as coisas que dizem dele e me controlo pra não sair compartilhando porque acho muita coisa exagerada - mesmo que me faça rir. A exposição mesmo que negativa agrada porque chama atenção. Ele faz/diz algo ruim e depois cria uma defesa absurda que agrade seu público, o mesmo que consente. Esse tipo de pessoa com o apoio que tem é perigosa. Eu me rodeio de discursos apaziguados mas não vejo paz. Não existe tranquilidade sabendo que tenho que dividir espaço com pessoas que acham "tudo bem" ser um escroto preconceituoso. Sabe o pior? Pra eles está tudo bem, do que vão temer afinal se queremos paz? A verdade é essa. Os espertos fazem o que fazem porque não são parados. Esse homem distorceu uma discussão com a Maria do Rosário há uns anos dizendo que ela o chamou de "estuprador" (mentira, pra variar) e usou como desculpa pra empurrar ela, usando da força dele. É sobre esse momento que quero falar. O momento em que um homem da posição e discursos dele se acha no direito de empurrar uma mulher da posição dela por algo que acha que ela disse... Ou pra chamar atenção. Aos espertos vale tudo. A indignação dela, suas palavras e reação condizem comigo, tem meu apoio. Mas do que adianta? Ele continua no mesmo lugar difamando e repetindo a história até hoje que é replicada por seus seguidores. Muito espertos porque não são parados, ninguém poem limite.
Em cada lugar, com cada pessoa usamos de códigos diferentes e máscaras para nos comunicar. Qual o código dessa gente que apoia ditadura, machismo, preconceito? Não é um código de paz, não falamos a mesma língua. Podemos ficar horas falando e impondo nossas opiniões e nada vai mudar em quem não quer ouvir. Estamos em sintonia diferente.
O que eu quero dizer com tudo isso? Que eu me sentiria melhor se eu soubesse que depois do empurrão a Maria do Rosário tivesse chutado o saco dele com tanta força que o tivesse feito ver estrelas. Ela receberia um processo e ele usaria disto contra ela até hoje. Mas, não usa igual? O problema é que não é sobre um balanceamento de atitudes mas sobre lados. Quem defende ele não se importa e vai culpar ela de qualquer jeito. Não é sobre o bem maior da sociedade, se foi golpe ou não. É sobre quem vai se ferrar. "Tudo bem ela levar um empurrão, é ptista" ok, acho pouco o cuspe do Jean Willys e queria muito, muito que aquele empurrão fosse devolvido com um chute. Ia me trazer paz saber que ele foi respondido na mesma língua que ele reproduz. Violência, ás vezes, faz bem, pra manter a ordem não é mesmo? A não ser quando você ataca quem não pode se defender ou sabe que isso não resolve nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário