Sou a pessoa mais fácil de agradar, mas junto disso a mais
fácil de entristecer também. Uma palavra, um gesto, um sei lá, pode acabar com
meu estado de espírito. É muito ruim viver com isso. As pessoas fazem piada
sobre transtorno de bipolaridade porque não têm ideia do quanto é infernal
mudar da euforia á depressão profunda em trinta segundos. Em um momento você
pensa que o dia vai ser perfeito e quando se deita pra dormir tem vontade de se
debruçar em lágrimas. É claro que, é algo que se pode acostumar. Eu me xingo
mentalmente “Quanto drama só por causa disso, o que aconteceu com a alegria de
segundos atrás?” E me esforço ao máximo pra espantar os pensamentos destrutivos
e infelizes. Loucura não precisa de diagnóstico. Sou puramente louca e tenho
consciência disso. Mas, quem não é louco? É claro que eu tenho uma teoria pra o
que se passa na minha cabeça e me levar a essa loucura, nessa montanha russa de
sentimentos – deve ser por isso que tenho medo de altura -. Acredito que seja
parte do hábito de usar minha visão como principal recurso na minha vida. Eu
tenho uma ânsia por observar tudo e é tão forte que me esqueço de piscar, quando
eu percebo meus olhos estão secos. Eu não queria piscar pra não perder nenhuma
imagem. Eu observo as pessoas que acho interessantes e descarto imediatamente
as previsíveis e entediantes. É literalmente como se tivesse um monte de caixas
na minha mente com “interessante”, “temos algo em comum”, “precisa de ajuda”, “mau
caráter”, “irritante”, “família”, etc. São muitas caixas. Quando eu vejo
determinada pessoa de uma caixa meu cérebro começa a implorar que eu observe
tudo que puder ser útil de acordo com a descrição dessa pessoa. Não sei o que
isso parece a alguém de fora, mas eu posso jurar que em poucas semanas eu
aprendo muito sobre essas pessoas. Isso torna a comunicação simples em uma via,
só que ao contrário trava. Porque agora vem a parte mais louca: como eu observo
tudo isso nas pessoas, como eu aprendo tanto sobre elas, sobre coisas que elas
não precisam me dizer eu simplesmente tento evitar que elas possam ler qualquer
coisa em mim. Eu bloqueio tudo, eu inverto os gestos que indicariam o que eu
sinto, mudo qualquer coisa. Por quê? Porque eu não quero que as pessoas me
conheçam. Quero saber tudo sobre elas e isso me interessa, mas não quero que
elas saibam muito de mim. Isso me assusta. Quem gosta de sentir medo? Tudo isso
acontece em uma fração de segundos, é um instinto. É como se a minha cabeça me mandasse
mentir pra me proteger. Algumas vezes conheço pessoas maravilhosas e queria
retribuir esse “conhecimento” deixando que elas me julguem, não eu. Mas eu
nunca sou capaz. Me apavora. Assim como me apavora quando me surpreendem, quando
alguém muda de direção e eu tenho que fazer todas possibilidades. E é por isso
que sei porque eu mudo tão depressa, porque não suporto me sentir vulnerável ou
sem conhecimento. Quando eu perco um raciocínio, um gesto, me sinto em pânico.
Um pavor que minutos atrás era tranqüilidade por saber exatamente o que
aconteceria a seguir. Tenho medo da altura da montanha russa, mas a cegueira me
apavora. Odeio me sentir cega. Não tenho palavras pra descrever como é
solitário isso aqui, essa loucura toda na minha cabeça. É infinita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário