domingo, 22 de março de 2015

essa loucura toda é infinita

Sou a pessoa mais fácil de agradar, mas junto disso a mais fácil de entristecer também. Uma palavra, um gesto, um sei lá, pode acabar com meu estado de espírito. É muito ruim viver com isso. As pessoas fazem piada sobre transtorno de bipolaridade porque não têm ideia do quanto é infernal mudar da euforia á depressão profunda em trinta segundos. Em um momento você pensa que o dia vai ser perfeito e quando se deita pra dormir tem vontade de se debruçar em lágrimas. É claro que, é algo que se pode acostumar. Eu me xingo mentalmente “Quanto drama só por causa disso, o que aconteceu com a alegria de segundos atrás?” E me esforço ao máximo pra espantar os pensamentos destrutivos e infelizes. Loucura não precisa de diagnóstico. Sou puramente louca e tenho consciência disso. Mas, quem não é louco? É claro que eu tenho uma teoria pra o que se passa na minha cabeça e me levar a essa loucura, nessa montanha russa de sentimentos – deve ser por isso que tenho medo de altura -. Acredito que seja parte do hábito de usar minha visão como principal recurso na minha vida. Eu tenho uma ânsia por observar tudo e é tão forte que me esqueço de piscar, quando eu percebo meus olhos estão secos. Eu não queria piscar pra não perder nenhuma imagem. Eu observo as pessoas que acho interessantes e descarto imediatamente as previsíveis e entediantes. É literalmente como se tivesse um monte de caixas na minha mente com “interessante”, “temos algo em comum”, “precisa de ajuda”, “mau caráter”, “irritante”, “família”, etc. São muitas caixas. Quando eu vejo determinada pessoa de uma caixa meu cérebro começa a implorar que eu observe tudo que puder ser útil de acordo com a descrição dessa pessoa. Não sei o que isso parece a alguém de fora, mas eu posso jurar que em poucas semanas eu aprendo muito sobre essas pessoas. Isso torna a comunicação simples em uma via, só que ao contrário trava. Porque agora vem a parte mais louca: como eu observo tudo isso nas pessoas, como eu aprendo tanto sobre elas, sobre coisas que elas não precisam me dizer eu simplesmente tento evitar que elas possam ler qualquer coisa em mim. Eu bloqueio tudo, eu inverto os gestos que indicariam o que eu sinto, mudo qualquer coisa. Por quê? Porque eu não quero que as pessoas me conheçam. Quero saber tudo sobre elas e isso me interessa, mas não quero que elas saibam muito de mim. Isso me assusta. Quem gosta de sentir medo? Tudo isso acontece em uma fração de segundos, é um instinto. É como se a minha cabeça me mandasse mentir pra me proteger. Algumas vezes conheço pessoas maravilhosas e queria retribuir esse “conhecimento” deixando que elas me julguem, não eu. Mas eu nunca sou capaz. Me apavora. Assim como me apavora quando me surpreendem, quando alguém muda de direção e eu tenho que fazer todas possibilidades. E é por isso que sei porque eu mudo tão depressa, porque não suporto me sentir vulnerável ou sem conhecimento. Quando eu perco um raciocínio, um gesto, me sinto em pânico. Um pavor que minutos atrás era tranqüilidade por saber exatamente o que aconteceria a seguir. Tenho medo da altura da montanha russa, mas a cegueira me apavora. Odeio me sentir cega. Não tenho palavras pra descrever como é solitário isso aqui, essa loucura toda na minha cabeça. É infinita. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário